7 de junho de 2025

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Mortes em UTI de hospital particular de Garanhuns demonstra descaso com a assistência de saúde

Fiscalização do Coren-PE identificou déficit de profissionais de enfermagem no Hospital Monte Sinai. Em maio, dos 21 pacientes que deram entrada na UTI do centro de saúde, oito vieram a óbito.

Uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE), no Hospital Monte Sinai, unidade exclusivamente privada, localizada na cidade de Garanhuns, no agreste do Estado, identificou um cenário alarmante. A ação ocorreu em dois períodos, na noite da segunda-feira (2), e durante a manhã desta terça-feira (3). No período noturno, os fiscais da autarquia constataram inexistência de enfermeiro, além do déficit de técnicos de enfermagem na emergência e na UTI do hospital.

Outro ponto que chamou a atenção da equipe foi a atuação de um técnico de enfermagem, realizando a classificação de risco na emergência, em virtude da falta de um enfermeiro. De acordo com Lei 7.498/86, que rege a atuação da enfermagem no país, essa atividade é privativa aos enfermeiros graduados. “Identificamos que os profissionais da UTI e da emergência estão sobrecarregados e não tem direito a descanso, conforme prevê a legislação trabalhista, o que pode causar grandes riscos à saúde dos pacientes pelo cansaço físico, cognitivo e mental”, explica Drª Ivana Andrade, chefe do Departamento de Fiscalização do Coren-PE.

O descaso da direção da unidade com a assistência de saúde pode ser evidenciado pelos números. Durante o mês de maio, dos 21 pacientes que deram entrada na UTI do hospital, oito vieram a óbito. “Esse número nos chama atenção, principalmente, porque a unidade possui apenas cinco leitos. Nossa preocupação se estende, pois trata-se do único hospital exclusivamente privado na região, que abrange 21 municípios. Garanhuns recebe diversas atividades festivas, como o Festival de Inverno, que atrai muitos turistas. Ou seja, é um cenário que merece não só atenção, mas solução”, ressalta Drª Ivana.

Nesta terça-feira, a equipe do Coren-PE ainda se reuniu com o Promotor de Justiça de Defesa da Cidadania de Garanhuns, Bruno Miquelão Gottardi. Durante o encontro, o representante do Ministério Público garantiu a realização de uma audiência para tentar sanar o problema. Porém, o Coren-PE não descarta a possibilidade de uma interdição ética ou ingressar com uma ação civil pública contra a direção da unidade de saúde.