7 de junho de 2025

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Coren-PE identifica falhas graves em fiscalização no Hospital da Mulher do Agreste, em Caruaru

Inaugurada há menos de um mês, unidade apresenta problemas como déficit de profissionais de enfermagem, falhas na distribuição de insumos e risco de infecção em recém-nascidos.

O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) realizou, nesta sexta-feira (30), uma fiscalização no recém-inaugurado Hospital da Mulher do Agreste (HMA), em Caruaru. A visita técnica, que teve como objetivo avaliar as condições de trabalho da equipe de enfermagem e a segurança da assistência prestada a mulheres e recém-nascidos na unidade, revelou uma série de inconformidades.

Durante a inspeção, foram identificados setores sem a presença de enfermeiros, o que fere as normativas mínimas de segurança assistencial. Em outro setor, apenas um profissional de enfermagem era responsável por assistir 50 pacientes, contabilizando mãe e bebê como pacientes distintos, como prevê a legislação. A equipe também apontou falhas no fornecimento de medicamentos e insumos: os itens solicitados pelas equipes de enfermagem não estão sendo entregues dentro do prazo, o que tem levado à administração de medicamentos fora do horário prescrito, comprometendo diretamente a efetividade dos tratamentos.

“Foi identificado um déficit de pessoal, tanto de enfermeiro quanto de técnicos de enfermagem, principalmente num alojamento conjunto, onde foi identificado um enfermeiro prestando assistência ao binômio mãe-filho 25, que seriam 50 pacientes. A preocupação desse déficit é que traga impactos na assistência, o risco de algum dano tanto ao bebê quanto à mãe”, afirmou a coordenadora-geral de fiscalização do Coren-PE, Drª Ivana Andrade.

Outro ponto crítico constatado foi a ausência de desinfecção adequada das incubadoras utilizadas pelos recém-nascidos, um risco grave para a saúde de bebês em condição de fragilidade imunológica.

A vice-presidente do Coren-PE, Drª Thaíse Torres, que também acompanhou a inspeção, reforçou que o Conselho está atento às necessidades da unidade e irá atuar para garantir que a assistência seja prestada com segurança.

“Estivemos em diversos setores, analisando o processo de trabalho, o dimensionamento da equipe de enfermagem e, diante do que encontramos, vamos estudar a necessidade da complexidade do atendimento para termos a distribuição segura de profissionais técnicos e enfermeiros. Dessa forma, a gente consegue garantir que a assistência seja adequada e também que o processo de trabalho seja encaminhado da maneira adequada, para atender às mulheres e recém-nascidos da região ”.

Com menos de um mês de funcionamento, o HMA ainda enfrenta entraves que, segundo a vice-presidente, poderiam ter sido melhor planejados antes da abertura da unidade.

“São 20 dias que (a unidade) está funcionando. Estamos aqui enquanto Coren Pernambuco para poder entender a atual dinâmica de trabalho da assistência de enfermagem. A gente ainda tem algumas necessidades de ajuste e adequação para que a unidade possa oferecer uma assistência segura e funcionando em 100% nos setores.”

Drª Thaíse também pontuou que, na avaliação do Conselho, o hospital foi aberto sem estar 100% pronto, do ponto de vista da organização das equipes de saúde, especialmente de enfermagem.

“A instituição será notificada a realizar o planejamento de enfermagem, que nele tem que estar contido o dimensionamento de pessoal, o número ideal, mínimo, para uma prestação de assistência de qualidade. Será concedido um prazo para a entrega desse cálculo de dimensionamento, e a instituição tem que adequar ao número ideal de pessoal”, concluiu Drª Ivana Andrade.